Monday, November 13, 2006

enquanto acordava do sono na ponte, percebia as poucos a falta de respaldo de seus atos, face ao entorno fantasmagórico de seus vislumbes.

O acordo havia sido travado há vinte dias, foi o que pensou. Mas na realidade, sem menos, era exatamente o contrario que, de forma preteriosa, adornava seu iminente porvir.


24 de outubro de 1312

pula, filha da puta!


19 de novembro de 2006

onde estou. Afirmou.

Ainda em adormecimento no seu eterno retorno ao retrocesso amniótico do ventre materno, descobria-se por completo.

Desabrochando os enrijecidos membros deixou-se carregar por inconstantes ciclos de desconforto, desfalecimento inútil num momento inútil. Roupa cagada em toda sua extensão, pequenas fendas brancas que mostram a alva pele imunda, essa chuva que amolece os nacos de fezes que escorrem por entre as unhas da mão, e sem apego as pega em total movimento inerte.

O acordo não havia sido travado, pensava agora, em comunhão com a realidade físico- anti-incosciente, e foi isso que permitiu que se movesse até a borda da ponte, onde as ranhuras de seus pés desfigurados mordiscavam a extremidade.

Sabia que não mais voltaria, e que não mais relaxaria um mísero músculo.

A senhora incestuosa, maldita que passava beirando a outra margem do rio seco olhava entredentes.


O velho banguela sem braços e sem pernas palpitava como um peixe na frigideira.


Voltou-se ao leito, vestiu-se com o colar de imundícies que usara de travesseiro, e não mais pensou, não mais respirou.

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